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Como o #MINDFULNESS pode auxiliar no bem estar mental durante a pandemia?

No último final de semana demos uma entrevista para a GaúchaZH contanto um pouco sobre os benefícios da prática de Atenção Plena neste momento desafiador de quarentena. Confira abaixo o texto na íntegra:

Há diferença entre meditação e a prática de mindfulness? Com qual vocês trabalham?

Há sim. Meditação é algo muito amplo, como literatura.  Existem inúmeros tipos de meditação assim como existem inúmeros estilos literários, então se você diz que vai ler um livro, pode ser um romance, policial, filosofia, não ficção, um manual técnico… a meditação funciona assim também: tudo depende do tipo que você pratica.

Nossa abordagem é especificamente Mindfulness (ou atenção plena) que tem como objetivo trazer maior nível de consciência para todos os processos da nossa vida. Quando temos essa maior consciência, podemos agir com mais assertividade e coerência com nossos valores e com a pessoa que desejamos ser. Através dessa regulação das nossas ações, emoções e respostas que damos ao mundo, experimentamos como consequência a redução de estresse, ansiedade, insatisfação, conseguimos desacelerar a mente automática e desfrutar mais a vida.

Pode explicar um pouco sobre a prática? O que é, como se faz e para que serve.

O que é: É o exercício constante que nos possibilita adquirir maior consciência. Sem a prática não existe Atenção Plena, pois não é algo que se possa compreender teoricamente, é preciso sentir na pele.
Como se faz: Pode ser formal, de 10min a 15min usando um áudio guiado como apoio onde vamos acompanhando os comandos que nos convidam a prestar atenção de formas específicas na nossa experiência (ex.: Escaneando as sensações táteis de todo o corpo, começando pelos pés até o topo da cabeça, ou investigar minuciosamente as sensações da respiração, nas narinas, no peito, ou no abdômen… ) ou informal: prestar atenção de uma forma específica enquanto tomamos banho (ex.: barulhinho da água, temperatura, textura e perfume dos produtos de higiene, movimentos que fazemos para lavar as partes do corpo) lavamos a louça, a postura que sentamos para trabalhar agora no home office…

Basicamente um convite a prestar atenção no momento que estamos vivendo e como a cada momento nossas experiências vão se desenrolando, se transformando, enquanto nos mantemos conscientes de como nos sentimos e do ambiente a nossa volta. E este prestar atenção pode se tornar um jogo interessante e desafiador devido as atitudes mentais necessárias para nossa prática de Atenção Plena ser legítima: manter a mente aberta, curiosa e sem julgamentos. Eu costumo brincar com os alunos que estes são os 3 mandamentos do Mindfulness. Desta forma estamos não apenas treinando intensamente nossa percepção através dos órgãos dos sentidos, como estamos treinando uma habilidade caríssima para os tempos atuais: a resiliência.

Trata-se de entrar em contato com a experiência como ela é, com tudo que tem nela, sem querer controlar o que acontece ou consertar o cenário. Nossa mente tem um forte hábito de querer controlar tudo, por isto trata-se de um treinamento, um processo onde vamos aprendendo a ter mais flexibilidade mental dia após dia.

Quais os benefícios de manter uma prática como esta, e como ela pode auxiliar em tempos de pandemia?

Os benefícios são imensos. Costumo ver que cada aluno que chega no programa, leva aquilo que veio buscar. Uns querem dormir melhor, outros desejam mais consciência emocional, outros almejam lidar melhor com o turbilhão de pensamentos e preocupações… De uma forma geral eu vejo como uma grande desconstrução, uma quebra de paradigma que para muita gente pode ser um pouco desafiador mas profundamente libertador. Não se trata apenas de reduzir estresse ou ansiedade, mas de ver o mundo com uma nova lente. E depois de ver desta forma é difícil de voltar atrás.

 
 
lavar as mãos

Quais as dicas para quem quer começar a praticar?

Comece fazendo uma reflexão sobre a sua motivação e aspiração. Pense nos motivos que te levam a meditar ou a querer estar mais consciente. Esta é a parte mais importante para que você se mantenha firme na prática. Depois que tiver isto bem claro, comece aos poucos, 5 minutos por dia. E vá aumentando alguns minutos a cada semana, sem idealizações de uma prática perfeita, de concentração total pois isso não existe. Sente-se de maneira confortável, mantendo os olhos repousados ou semi abertos e leve sua atenção para sua respiração. Conecte-se com esta maravilha e privilégio de poder respirar, perceba a inteligência do seu corpo agindo sem precisar fazer esforço e acompanhe as respiração indo e voltando, apenas isso.
Se notar a sua mente se distanciando da respiração e pulando em distrações, apenas perceba sem críticas que foi isto que ocorreu e redirecione para a respiração novamente. Faça isso quantas vezes forem necessárias. Com o tempo você vai começar a perceber que ela se distrai menos.

Como a escola tem se adaptado em meio à crise da covid-19?

A Sati segue oferecendo os programas online, com interatividade em tempo real como já vínhamos fazendo nos últimos anos. Muitos de nossos alunos já estavam acostumados com essa modalidade devido as recorrentes demandas de trabalho e viagens ou então apenas preferiam acompanhar os grupos no conforto de casa. Além disso , outro fenômeno que percebemos durante a pandemia é que muitas pessoas que há tempos vinham planejando – e adiando- participar do curso de Iniciantes, tomaram a iniciativa para não adiar mais a experiência, fazendo desse momento delicado de espera, um momento dedicado também ao seu autocuidado.

 
 
Por Ane Saraiva – para GaúchaZH – agosto 2020

Ane Saraiva

Instrutora Sênior Certificada pelo Mindfulness Trainings International sob orientação do Lama Jangchub Sempa Gyatso. Começou a praticar meditação em 2011 em meio à sua carreira como gestora. Participou de diversos retiros e viveu no Templo Budista Chagdud Gonpa Khadro Ling no ano de 2015, onde teve a oportunidade de conviver com Lamas de diversos países e aprofundar seus estudos sobre Budismo e sua técnica meditativa.